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Uma estrela do atletismo desvia-se do seu trilho de
vida pré-definido e segue os seus próprios ritmo e coração
quando uma tradutora de filmes entra na sua vida.

TV

Run On: o destino final nem sempre é a linha de chegada

Na TV norte-americana existe algo que as pessoas chamam de “moonlighting curse”. Essa maldição nasceu com a série de mesmo nome (traduzida no Brasil como A Gata e O Rato) e acompanhava a saga will they/won’t they de Madelyn e David, vividos por Cybill Shepherd e Bruce Willis. Depois de algumas temporadas especulando se os dois iam acabar juntos ou não, eles finalmente deram o passo seguinte e se tornaram um casal, algo que transformou a série em algo entediante, segundo todas as pessoas que acompanhavam o seriado na época ou que ficaram fissurados na história anos depois, como eu. Seja pelo mau desempenho dos roteiristas (que não souberam escrever uma boa dinâmica de casal) ou porque as pessoas gostam mais da tensão sexual em si do que ver um casal sendo genuinamente feliz e trabalhando nos seus problemas (como diria Logan Echolls de Veronica Mars: “ninguém escreve sobre as histórias que são fáceis”), o que ficou conhecido como “moonlighting curse” é algo que claramente assombra milhares de produções até os dias atuais. De cabeça consigo pensar em uma porção de obras e casais que desafiam essa tão temida maldição, mas o que minha recente jornada pelo mundo dos doramas me ensinou, é que, no final das contas, ela nem existe. O que faz um relacionamento prosperar nas telas é, de fato, um bom roteiro. E ao longo dos 16 episódios de Run On, fui lembrada constantemente disso. Em mais de um aspecto, Run On é um antídoto perfeito para a maldição de moonlighting. Existe tensão entre os protagonistas, como em todo bom romance, principalmente entre o casal secundário, mas o que move a trama é a honestidade esclarecedora com que eles trabalham seus relacionamentos e falam sobre seus sentimentos. A trama em si não contém grandes reviravoltas ou sequer eventos muito dramáticos, optando por usar os momentos íntimos entre os protagonistas, além de diálogos interessantes e até mesmo um pouco fora do comum, para carregar a história para frente. E isso pode parecer a coisa mais entediante do mundo (e para alguns talvez seja mesmo), mas é revigorante ver algo com um ritmo mais contido e leve. Os protagonistas falam sobre o que eles esperam da vida, como eles veem suas profissões, suas famílias (ou a falta delas). Eles confessam seus maiores medos e recebem, quase sempre, uma reação genuína em volta. Como uma resposta orgânica ao que é construído no roteiro, eles vão criando relacionamentos que são interessantes e genuínos, sendo que a jornada de todos os personagens parecem estar, de alguma forma, interligadas.